“O peixe morre pela boca”;
“A boca fala do que o coração está cheio”;
“É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida.”;

A humanidade conta com muitos aforismas para expressar o que acontece com os Arautos do Evangelho. Esses três foram os que vieram à mente nesse momento.

Não é a primeira vez, nem a segunda, e muito menos será a última vez que este grupo desafia publicamente as autoridades eclesiásticas.

Cansamos de ver a cena: a autoridade eclesiástica se aproxima, com a missão de exercer o seu múnus de reger, e recebe como resposta bravatas “adolescenciais”, histerias aparentemente lógicas, gritos roucos, negando-se a obedecer ao sucessor de Pedro.
Aqueles que se consideram mais católicos que o papa, que se consideram a nata do catolicismo, ferem precisamente um dos princípios basilares do catolicismo: a autoridade de Pedro. E fazem-no sem dor na consciência. Fazem-no inclusive colocando a autoridade civil por cima da eclesiástica, caindo em uma contradição que nem as suas mentes iluminadas consegue perceber.

Caricatura de cristianismo. Trata-se do exemplo nítido do que grupos cristãos radicais podem se transformar.

Voltando aos aforismas do começo e à sabedoria acumulada em tão poucas palavras: melhor seria se esse grupo tivesse permanecido em silêncio, pois, assim sendo, não veríamos a arrogância e a soberba sendo vomitadas de suas bocas nesse momento. Não veríamos o ódio e a manipulação que usam com os seus, sendo externada dessa forma. Não veríamos a estranheza das pessoas que compõem esse grupo ser desenhada publicamente em nossas mentes.

Quais os riscos, me perguntava um amigo, caso os Arautos não obedeçam? É simples: naturalmente se distanciarão da Igreja Católica e de Pedro, juntando-se a outros tantos “super católicos tradicionalistas” que existem mundo afora e que se sentem pessoas limpas e impecáveis no seguimento das normas que se impõem, mas que demonstram ser mais soberbos do que os piores demônios que possam existir.

Essa ação da Santa Sé parte, a meu ver, de uma nova política adotada pelo querido papa atual: não quer ficar na Igreja?, então, saia.

Há décadas que os Arautos deixaram, na prática, o catolicismo. O que possivelmente veremos nas cenas dos próximos episódios, será o enésimo desfecho pueril, presente em todos os séculos da história da Igreja: o cisma.

Torcemos para que não seja assim, mas, pelo visto: o ar de superioridade cegou a muitos, e a ausência da humildade cristã já nos fazem entrever o início de uma nova seita surgida do catolicismo.

O único que desejo? Que Deus dê pulso firme à Santa Sé e ao Papa.

Claro que, na minha humilde opinião, o Vaticano só atuou dessa forma por causa de algumas mulheres que deram a cara para expor e denunciar esse grupo no Brasil. Eu as resumo numa frase, merecedora de se transformar no título de um livro dedicado a elas: “a resistência de uma mãe é foda”.

Sem elas, nada disso estaria acontecendo. Sem as pessoas que as apoiaram, nada disso estaria acontecendo.

O que esperar agora? Ora bolas, se o vaticano acabou de reconhecer a existência de manipulação nas casas destinadas a menores de idade, então, as casas dos “adultos” que saíram dessas casas e foram para casas de pessoas “maiores de idade” também deveriam ser fechadas, pois se é verdade que havia manipulação nos menores… então, é verdade que os “adultos” que saíram dessas casas são manipulados também. Fica a dica para o Ministério Público!

Daí nossa pergunta inicial: Se o vaticano reconheceu manipulação, então por que não fechou logo tudo?

Torcemos, também, para que as autoridades (eclesiásticas e civis) retirem dessas casas as pessoas “adultas” e as devolvam aos seus lares, possibilitando a elas alguns anos sabáticos, a fim de realizarem, pela primeira vez na vida, um discernimento vocacional real, tranquilo e segundo a tradição milenar da Igreja.

Está mais do que comprovado que muitos dos “adultos” daquela instituição transparecem claramente traços de manipulação e até de patologias psicológicas advindas da forte pressão psicológica sofrida diariamente, por anos. Mas, tais “adultos”, infantilizados em vários aspectos da vida, serão tema para outra reflexão.”

Thiago Almeida
Um grande amigo
Ex Legionário de Cristo